?O uso de outras espécies para o trabalho ou para alimentação é comum para os humanos, mas raro no restante da natureza. Nós, por exemplo, domesticamos os cavalos para o transporte e para tração, o gado para obtenção do leite, as abelhas para o mel e por aí vai. Contudo, no mundo dos insetos só existe um caso conhecido, que é entre formigas e pulgões.
Alguns biólogos chamam isso de mutualismo, ou escravagismo inter-específico, que é uma modalidade de escravagismo quando esse tipo de relação ocorre entre indivíduos de diferentes espécies de seres vivos.
Os pulgões – também conhecidos como afídeos, são insetos da ordem dos Hemipteros (parente das cigarras, cigarrinhas e percevejos) que se alimentam da seiva das plantas, geralmente causando um grande estrago. A substância retirada das plantas é rica em açúcar e durante a alimentação, os pulgões acabam eliminando pelo ânus um material adocicado, resultado do excesso de açúcar.
As formigas que se alimentam desse açúcar secretado pelo pulgões então os capturam para utilizar em suas coletas de alimento. Essas formigas os tratam como “seu gado” e por causa disso, os pulgões são até chamados de “vaca-das-formigas”.
Para obter o melado produzido, elas acariciam os pulgões com suas antenas, como se estivessem ordenhando-os. Em contrapartida os pulgões são protegidos pelas formigas de seus inimigos, como as joaninhas, ou mesmo de intempéries, como a chuva, quando as formigas “recolhem” os pulgões para dentro de suas tocas.